terça-feira, 6 de julho de 2010

56.CRÓNICA DE SAÚDE (Vol.10)

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Urticárias


A urticária é uma reacção da pele em que surgem, de forma súbita e com comichão, manchas vermelhas, de tamanhos diferentes e contornos nítidos, com relevo, vulgarmente designadas por “babas” ou “favocas”. Estas surgem em qualquer parte do corpo e desaparecem em minutos ou horas, sem deixar qualquer marca na pele. Por vezes também ocorre inchaço dos lábios ou pálpebras, de forma mais duradoura – é o angioedema.

É uma situação muito frequente e sem gravidade mas que, pelo incómodo que provoca (comichão) e pela visibilidade das lesões, gera habitualmente ansiedade e leva muitas pessoas a recorrer aos Serviços de Urgência. Quando as lesões se localizam à face há o receio, habitualmente injustificado e erradamente difundido entre o público e mesmo nalguma classe médica, que o inchaço se possa estender à “garganta” e causar asfixia. Mas, na realidade, este risco limita-se a situações agudas de alergia imediata a medicamentos ou ao veneno de abelha e numa doença familiar muito rara (angioedema hereditário).

Na grande maioria das vezes a urticária é esporádica e dura menos de 24 horas (urticária aguda), mas em alguns casos pode manter-se dias ou semanas e, em casos raros, persistir além das 6 semanas - são as urticárias crónicas. Em todas estas formas a lesão é a típica “baba” que resolve nuns locais e surge noutros.

A urticária é originada pela activação de células da pele – os mastócitos - que libertam histamina, a mesma substância que os picos da urtiga “injectam” na pele durante a picada - daí o nome da doença e a semelhança entre a urticária e a reacção à picada da urtiga. Estas células libertam a histamina por contacto com as substâncias a que o indivíduo é alérgico, mas muitas outras causas podem activar estas células e provocar a mesma reacção.

A urticária aguda é muito frequente - metade da população tem um episódio de urticária em alguma fase da sua vida. Pode ser uma manifestação de alergia a alimentos (mariscos, especiarias, frutos secos e frescos como banana e Kiwi), medicamentos (penicilina), latex e plantas, mas as formas alérgicas, ao contrário do que se possa pensar, são raras (<10%) e desaparecem quando cessa a exposição ao alergénio. Na suspeita de alergia pode realizar uma análise de sangue ou efectuar testes da “picada”, mas na maioria das vezes não se identifica a causa nem há justificação para a realização de testes ou outras análises.

As urticárias crónicas, pela persistência das lesões ou irregularidade e imprevisibilidade do seu aparecimento, têm um grande impacto na qualidade de vida. Na sua grande maioria não são graves, em mais de 80% não se identifica uma causa: não há qualquer alergia, mas o uso de anti-inflamatórios para o tratamento da dor ou reumatismo ou de xaropes da tosse com codeína desencadeiam com frequência surtos de urticária. Nestas urticárias crónicas é necessário efectuar análises para tranquilizar o doente e eliminar uma doença associada, mas os testes das “picadas” não têm habitualmente indicação.

Algumas destas reacções acontecem após fricção, vibração ou pressão sobre a pele, exposição ao calor, frio ou sol ou realização de esforço físico – são as urticárias físicas. Por exemplo, com um objecto pontiagudo podemos escrever na pele e esta, em poucos minutos, fica vermelha e em relevo – é o dermografismo; quando arranhamos ou coçamos a pele ou damos uma bofetada, os dedos ficam marcados na pele durante minutos e provocam muita comichão; a pressão de elásticos da roupa provoca “babas” que demoram minutos a horas a desaparecer – é a urticária de pressão. Na urticária ao frio surge comichão na boca e lábios ao comer um gelado ou formam-se “babas” ao molhar o corpo em água fria (banho de mar), havendo aqui o cuidado para não expor grandes superfícies do corpo simultaneamente a essa água fria – nesta urticária a aplicação de um cubo de gelo no antebraço durante uns minutos desencadeia a “baba” de urticária no local de contacto.

O diagnóstico de urticária é fácil e pode ser feito por qualquer médico, contudo a sua avaliação e tratamento nas formas mais crónicas ou recidivantes necessita do conhecimento do Dermatologista que pode ter necessidade de recorrer e medicamentos diferentes dos anti-alérgicos habituais, os anti-histamínicos.

Esta publicação foi feita através de email que o Formar Para Salvar recebeu, deixe a sua duvida ou sugestão na caixa "PERGUNTE QUE NÓS RESPODEMOS"

4 comentários:

Joana disse...

Deve ser complicado para quem tem!

Mais uma vertente deste blog, podermos ser esclarecidas do k se passa connosco ou de alguma curiosidade nossa.

Anónimo disse...

Afinal há imensos tipos de urticária, mais do que eu tinha conhecimento mas para lhe dizer a verdade o tipo de urticária que a minha filha tem preocupa-me muito, é uma urticária ao frio quando come alimentos frios que lhe toquem na pele fica com umas grandes babas, mas passado uns minutos desaparece o pior é quando entra em aguas frias, é horrível sai de lá a dizer quem tem frio começa a deitar a cabeça a querer fechar os olhos e a querer vomitar bom aqueles momentos são desesperantes, só para lhe dizer quando pela primeira vez a minha filha me caiu nos braços completamente inconsciente e eu sem saber o porque daquilo e sem saber o que fazer, nem imagina o que eu senti nesse dia mas o pior era que eu leva-a ao hospital chegava lá e ela já estava bem e os médicos diziam-me mas porquê a senhora vem cá a sua filha não tem nada, eu tentava explicar mas eu é que ficava sempre a doida, foi então que tive uma pessoa que me indicou um alergologista o Dr. Celso levei uma foto dela com babas e ele disse me logo o que a minha filha tinha, a partir daquele dia fiquei sem duvidas do problema, disse-me que poderia passar com o tempo ou não para ter muito cuidado porque ela nessa crise pode ter uma paragem cardíaca, quando vou para algum lado tenho que levar sempre comigo uma injecção de urgência para a injectar e ir logo para o hospital.
Como vê não é nada fácil lidar com um problema deste mas com o tempo fui me acostumando e tenho conseguido controlar a situação, mas acredite que o futuro me preocupa porque talvez não esteja tão próxima dela para a proteger desse problema por isso é que faço questão, apesar da idade dela (6 anos) ensina-la a lidar com o problema, mas espero que com a idade o problema desapareça.
André obrigado por ter publicado esta crónica sobre a urticária, porque conseguiu esclarecer-me mais sobre o assunto.
Cumprimentos!

sandra louro disse...

Por um colapso o ultimo comentário mandei em anónimo peço desculpas aos visitantes deste blog.

Fátima disse...

Exelente crónica e fica aqui mais uma prova de que todos os pedidos são respondidos ... seja via email ou postados em crónicas ...... acho interessante o tema abordado e que passará despercebido a muita gente ... bom trabalho André